Total de visualizações de página

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

OS PRINCÍPIOS HERMÉTICOS


Hermes Trimegisto, o Três Vezes Grande, era considerado pelos Egípcios o Mensageiro dos Deuses, por ter transmitido os ensinamentos a este grande povo da antiguidade e ter implantado a tradição sagrada, os rituais sagrados, e os ensinamentos das artes e ciências em suas Escolas da Sabedoria.

A medicina, a astronomia, a astrologia, a botânica, a agricultura, a geologia, as matemáticas, a música, a arquitetura, a ciência política, tudo isso era ensinado em suas Escolas e em seus livros, que segundo os gregos somavam 42. Entre eles se encontra "O Livro dos Mortos" ou também chamado "O Livro da Saída da Luz".

A Ciência Hermética é baseada em seus ensinamentos e comprova com seus preceitos, que o Grande Hermes veio transmitir para a humanidade uma Sabedoria Divina, até hoje mal compreendida apesar de amplamente comprovada.

A Filosofia Hermética se baseia nos Princípios Herméticos incluídos no livro "O Caibalion" e parece destinada a plantar uma semente de Verdade no coração dos sábios, que perpetuam e transmitem os seus ensinamentos. Em todas as civilizações sempre existiram ouvidos atentos a estes ensinamentos. Como diz o próprio Caibalion:

Em qualquer lugar que se achem os vestígios do Mestre,

Os ouvidos daqueles que estiverem preparados para receber

O seu Ensinamento, se abrirão completamente.

Quando os ouvidos do discípulo estão preparados para ouvir,

Então vêm os lábios para enchê-los de sabedoria".

Porém o Caibalion nos ensina também que:

"Os lábios da Sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do Entendimento".

O Caibalion nos foi transmitido pela Tradição Hermética e reúne os ensinamentos básicos da Lei que rege todas as coisas manifestadas.

A palavra Caibalion, na língua hebraica significa tradição ou preceito manifestado por um ente de cima. Esta palavra tem a mesma raiz da palavra Qabala, ou Qibul, ou Qibal, que significa tradição.

No antigo Egito foi estabelecida a maior das Lojas dos Místicos e pelas portas de seus Templos entraram os Neófitos que, mais tarde, como Hierofantes, Adeptos e Mestres, se espalharam por todas as partes da terra, levando consigo o precioso conhecimento que possuíam para ensiná-los àqueles que estivessem preparados para compreendê-lo.

Em nossos dias o termo ‘hermético’ significa secreto, fechado de tal maneira que nada escapa, significando que os discípulos de Hermes sempre observavam o princípio do segredo nos seus preceitos. Os antigos instrutores pediam este segredo mas nunca desejaram que os preceitos não fossem transmitidos.

Não instituíram uma religião, de forma que estes princípios pudessem ser aproveitados por todas mas não pertencessem a nenhum credo. De fato, os ‘Princípios Herméticos’ são baseados nas Leis da Natureza, e como tais pertencem somente à Ordem Divina.

‘As doutrinas sempre foram transmitidas de ‘Mestre à Discípulo’, de Iniciado à Hierofante, dos lábios aos ouvidos. Ainda que esteja escrita em toda parte, foi propositalmente velada com termos de alquimia e astrologia, de modo que só os que possuem a chave podem-na ler bem.’ (O Caibálion).

Os Sete Princípios em que se baseia a Filosofia Hermética são os seguintes:

I – O princípio de Mentalismo

II – O princípio de Correspondência

III – O princípio de Vibração

IV – O princípio de Polaridade

V – O princípio de Ritmo

VI – O princípio de Causa e Efeito

VII – O princípio de Gênero

O primeiro Princípio é o Principio do Mentalismo

"O TODO é MENTE; o Universo é Mental"

Tudo e todos que existem de visível ou oculto funcionam porque fazem parte de um todo. Tudo faz parte da criação de uma mente onipresente, tudo faz parte de um poder total.

Este é sem dúvida o mais importante de todos os princípios já que nele estão contidos todos os outros. O TODO (ou seja a realidade que se oculta em todas as manifestações de nosso universo material) é Espírito, é Incognoscível e Indefinível em si mesmo, mas pode ser considerado como uma Mente Vivente Infinita Universal.

"Compreendendo a verdade da Natureza Mental do nosso Universo o discípulo estará bem avançado no Caminho do Domínio", escreveu um velho mestre do Hermetismo. Estas palavras continuam atuais e verdadeiras e são a chave para a nossa compreensão das regras e Leis que regem nosso Universo material.

Observaremos que, se o Universo é Mental e nós existimos na Mente do Todo, como tais, nós somos seres mentais e criamos com a nossa mente, à imagem e semelhança do Todo, conforme explica o Segundo Princípio.

O segundo Princípio Hermético é o Princípio da Correspondência

"O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima".

Assim como é em cima, é embaixo. Como é embaixo, assim é em cima. A característica de um corresponde, de certa forma, com a característica de outro, ou vice-versa.

A compreensão deste princípio nos ajuda a explicar todos os fenômenos da natureza e compreender a própria existência da vida. Os segredos da Natureza se tornam claros aos olhos do estudante que compreender este princípio chave, aplicado à manifestação universal e que explica os diversos planos do universo material, mental e espiritual.

Este é um dos mais importantes princípios e é aplicado na Astrologia e na Alquimia, verdadeiras Ciências de Iniciados, a primeira praticamente desprezada e a segunda quase esquecida. O Princípio da Correspondência habilita o homem inteligente a raciocinar do Conhecido ao Desconhecido ou vice-versa. "Estudando a Mônada, ele chega a conhecer o Arcanjo", diz o Caibalion.

O terceiro Princípio é o Princípio da Vibração

"Nada está parado, tudo se move, tudo vibra"

Nada nesse mundo esta em repouso, tudo esta em constante movimento. Tudo tem a sua infinita vibração, embora algumas coisas pareçam estar em repouso, na verdade estão dentro de um Universo que não para de vibrar.

Este princípio nos explica que tudo, em nosso Universo, está em constante movimento, isto é, em constante evolução. Este princípio é facilmente compreensível pois a ciência moderna já o confirmou através de suas observações e descobertas.

Ele explica que as diferenças entre as diversas manifestações de Matéria, Energia, Mente e Espírito, resultam das ordens variáveis de Vibração. "Desde O TODO, que é puro Espírito, até a forma mais grosseira de Matéria, tudo está em vibração. Quanto mais elevada for a vibração, tanto mais elevada será a posição na escala". (O Caibalion).

Nas extremidades inferiores da escala estão as vibrações mais grosseiras da matéria, que parecem estar paradas. Ao elevarmos nosso espírito, nos campos de vibração mais sutis, entramos em sintonia com O TODO e com a Mente Superior, recebendo assim os benefícios dela emanados. Só os Mestres conseguem aplicar corretamente este Princípio de Vibração, conquistando assim os fenômenos da natureza. "Aquele que compreende o princípio de Vibração alcançou o Cetro do Poder", disse um antigo Mestre.

O quarto Princípio é o Princípio de Polaridade

"Tudo é Duplo; tudo tem pólos; tudo tem o seu oposto; o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados"

Tudo tem o seu pólo oposto para o perfeito equilíbrio e funcionamento contínuo do ciclo do universo. Somente os lados opostos uns aos outros conseguem se unir, transformando-se em uma parte do conjunto do universo.

Este Princípio é bastante simples e ao mesmo tempo complexo, e contém o axioma hermético dos opostos, ou seja dos pólos que regem toda a vida manifestada tal como nós a conhecemos. O princípio de Polaridade explica, por exemplo, que Luz e Obscuridade são a mesma coisa, manifestada em variações e graus diferentes.

Explica também que o Amor e o Ódio são dois estados mentais em aparência totalmente diferentes mas em realidade iguais pois exprimem somente o mesmo sentimento em graus diferentes. E o melhor de tudo isto é que, no caso da mente, podemos modificar as coisas se dominarmos a nossa própria mente, mudando a sua vibração, através da Arte da Transmutação Mental.

Com o profundo conhecimento deste princípio o estudante poderá modificar a sua própria Polaridade, assim como a dos outros, transformando Ódio em Amor, Raiva em Perdão, Tristeza em Alegria.

O quinto Princípio Hermético é o Princípio de Ritmo

"Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação"

As coisas estão sempre em constante movimento e esta lei explica o ritmo desses movimentos. É através da seqüência circula repetida de um mesmo movimento o caminho que se compõem o resultado da transformação.

Ao analisarmos este princípio temos que compreender que o Universo da forma como nós o conhecemos é influenciado por este constante fluxo e refluxo, por este movimento de atração e repulsão, que o torna tão complexo e ao mesmo tempo tão perfeito. Esta lei se manifesta em todas as coisas materiais e também nos estados mentais do Homem.

Os Hermetistas compreendem este Princípio, reconhecendo a sua aplicação universal e com os profundos estudos e com o domínio da mente, conseguem dominar os seus efeitos aplicando a Lei mental de Neutralização. Porém, o simples observar desta Lei em aplicação na Natureza nos ajuda a melhor enfrentar as vicissitudes da vida, acompanhando o seu fluxo e refluxo e tentando neutralizar a Oscilação Rítmica pendular que tenta nos arrastar para um ou para outro pólo.

O sexto Princípio Hermético é o Princípio de Causa e Efeito

"Toda a Causa tem seu Efeito, todo o Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei"

Nada no mundo acontece por acaso, tudo tem sua causa, e essa causa é o efeito de outra causa, e assim por diante, é uma cadeia circular infinita de causas e conseqüências.

Neste princípio existe a verdade de que há uma Causa para todo o Efeito e um Efeito para toda a Causa. E O Caibalion nos ensina também que nada acontece sem uma razão, mesmo se nós a desconhecemos, pois tudo é dominado pela Lei. Para nos elevarmos acima da Lei de Causa e Efeito é necessário muito estudo, muita meditação e a compreensão profunda de todos os Princípios Herméticos que fazem do Iniciado um Verdadeiro Mago.

As massas do povo são levadas para frente, seguindo os desejos e vontades dos outros, do coletivo onde as causas exteriores se tornam mais importantes do que a vontade própria. O verdadeiro Iniciado deve elevar-se acima da massa, exercitando a sua Vontade para poder exercer o seu Livre Arbítrio. Para escaparmos desta Lei, que nos ata às sucessivas re-encarnações, devemos antes de mais nada controlar nossa mente e nossos atos para superarmos a casualidade.

O sétimo Princípio é o Princípio do Gênero

"O Gênero está em tudo; tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino; o gênero se manifesta em todos os planos"

Tudo e todos têm seu lado feminino e masculino. É assim que o Universo é formado. Masculino possui Feminino e vice-versa. O termo chinês yin-yang considera essa idéia a base para o equilíbrio, tanto em sua característica criativa como objetiva. O nosso anima (poder feminino) e o animus (poder masculino) devem estar sempre em harmonia.

Estudando este princípio, que nos lembra o princípio de Polaridade, percebemos que o gênero é manifestado em tudo e que o princípio feminino e masculino estão sempre presentes, seja no plano físico que no plano mental e espiritual. No plano físico este Princípio se manifesta como sexo, e nos planos superiores ele tem outras formas de manifestação, mas se mantém igual.

Assim, podemos dizer que todas as coisas manifestadas no gênero masculino possuem também um gênero feminino, e todas as coisas do gênero feminino contém também um gênero masculino. Compreendemos assim que não necessitamos da busca do outro princípio pois tudo está imanente em nós, manifestado na forma do gênero. A compreensão deste princípio nos leva à plenitude e à realização interior.

CONCLUSÃO

Estes Princípios Herméticos, são aplicados pelo Astrólogo, pelo Tarólogo, pelo Homeopata, pelo Terapeuta Floral, pelo Grafólogo, enfim, por todos aqueles que sabem que o Homem faz parte do TODO e como tal não pode estar se não intimamente ligado a este, através de suas Leis Universais.

Ao olharmos o Homem como um Todo harmônico, podemos compreender as razões que o levam à desarmonia, que se manifesta através das doenças físicas ou mentais, dos acidentes e infortúnios, e tentar ‘curá-lo’ proporcionando-lhe assim a chance de um crescimento no âmbito espiritual.

Sem estes Princípios, as ciências chamadas "alternativas" seriam meros exercícios de ‘curandeirismo’. No entanto, sob os Princípios das Leis Herméticas, tudo se torna claro e transparente às mentes mais esclarecidas.

A MENTE

Você é somente uma testemunha e nada mais

A mente é apenas uma procissão de pensamentos passando na sua frente na tela do cérebro. Você é um observador. Mas você começa a ficar identificado com coisas belas - essas são seduções. E uma vez que você fica agarrado nas coisas belas você também fica agarrado nas coisas feias porque a mente não pode existir sem a dualidade.

Basta tentar de vez em quando: Deixe a mente ser o que quer que seja. Lembre-se, você não é a mente. E você terá uma grande surpresa. No dia que você estiver completamente desidentificado da mente, mesmo por um simples momento, há uma revelação: a mente simplesmente morre; ela não está mais presente. E com o desaparecimento da mente desaparece o eu. E tantas coisas desaparecem as quais eram tão importantes para você, coisas tão perturbadoras para você. Você esteve tentando resolvê-las e elas estavam ficando cada vez mais complicadas, tudo era um problema, uma ansiedade, e parecia que não havia nenhuma saída.

O mestre diz ao discípulo para meditar sobre um koan: Um pequeno ganso é colocado dentro de uma garrafa, e depois alimentado e nutrido. O ganso vai ficando cada vez maior e maior, e preenche toda a garrafa. Agora ele está muito grande; ele não pode sair pela boca da garrafa - a boca é muito pequena. E o koan é que você tem que retirar o ganso sem destruir a garrafa, sem matar o ganso.

O que você pode fazer? O ganso é muito grande; você não pode retirá-lo a menos que quebre a garrafa, mas isso não é permitido. Ou você retira matando-o, assim você não se importa se ele sai vivo ou morto. Isso também não é permitido.

Dia após dia, o discípulo medita, não encontra nenhuma maneira, pensa desse jeito e daquele jeito - mas de fato não tem jeito. Cansado, completamente exaurido, uma revelação repentina...Subitamente ele compreende que o mestre não pode estar interessado na garrafa e no ganso; eles devem representar algo mais. A garrafa é a mente, você é o ganso... e com o testemunhar, isso é possível. Sem estar na mente, você pode ficar tão identificado com ela que você começa a sentir que você está nela!

Ele corre para o mestre para dizer que o ganso está fora. E o mestre diz, "Você compreendeu isso. Agora o conserve fora. Ele nunca esteve dentro". Assim não surge à questão de trazê-lo para fora.

A consciência é o ganso que não está dentro da garrafa da mente. Porém, você está acreditando que ela está dentro da garrafa e perguntando a todo mundo como tirá-la de lá. E existem idiotas que irão lhe ajudar, com técnicas, para retirá-la da garrafa.

Consciência é não-dual e a mente é dual. Então apenas observe. Não lhe ensino algumas soluções. Eu lhe ensino a solução: Basta recuar um pouco e observar. Crie uma distância entre você e sua mente.
Seja isso bom, belo, delicioso, algo que você gostaria de desfrutar intimamente ou que seja feio - permaneça tão longe quanto possível. Veja isso como se você estivesse vendo um filme...

Identificação é a causa raiz da sua miséria. E toda identificação é identificação com a mente. Apenas dê um passo para o lado e deixe a mente passar. E logo você será capaz de ver de que não há nenhum problema - o ganso está fora. Você não precisa quebrar a garrafa, nem precisa matar o ganso.

Osho; Beyond Psychology

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

GRANDES HOMENS

Quem faz jus ao título de "grande homem"?
Não sei...
O homem inteligente?
Não basta ter inteligência para ser grande...
O homem poderoso?
Há poderosos mesquinhos...
O homem religioso?
Não basta qualquer forma de religião...Podem todos esses homens possuir muita inteligência, muito poder, e muita religiosidade - e nem por isso são grandes homens.
Pode ser que lhes falte certo vigor e largueza, certa profundidade e plenitude, indispensáveis à verdadeira grandeza.
Podem os inteligentes, os poderosos, os virtuosos não ter a verdadeira liberdade de espírito..
Pode ser que as suas boas qualidades não tenham essa vasta e leve espontaneidade que caracteriza todas as coisas grandes.
Pode ser que a sua perfeição venha mesclada de um quê de acanhado e tímido, com algo de teatral e violento.
O grande homem é silenciosamente bom...
É genial - mas não exibe gênio...
É poderoso - mas não ostenta poder...
Socorre a todos - sem precipitação...
É puro - mas não vocifera contra os impuros...
Adora o que é sagrado - mas sem fanatismo...
Carrega fardos pesados - com leveza e sem gemido...
Domina - mas Sem insolência...
É humilde - mas sem servilismo...
Fala a grandes distâncias - sem gritar...
Ama - sem se oferecer...
Faz bem a todos - antes que se perceba...
"Não quebra a cana fendida, nem apaga a mecha fumegante - nem se ouve o seu
clamor nas ruas..."
Rasga caminhos novos - sem esmagar ninguém...
Abre largos espaços - sem arrombar portas...
Entra no coração humano - sem saber como...
Tudo isso faz o grande homem, porque é como o Sol - esse astro assaz poderoso para sustentar um sistema planetário, e assaz delicado para beijar uma pétala de flor...
Assim é, e assim age o homem verdadeiramente bom - porque é instrumento nas
mãos de Deus...
Desse Deus de infinita potência - e de supremo amor...
Desse Deus cuja força governa a imensidade do cosmos - e cuja preciência sabe das fraquezas do homem...
O grande homem é, mais do que ninguém, imagem e semelhança de Deus...

(Huberto Rohden)

A ESSÊNCIA DA FELICIDADE

"O pássaro não está feliz porque canta. Ele canta por que está feliz".

Muitas pessoas atrelam sua idéia de felicidade a acontecimentos do futuro e pensam que só serão felizes quando eles acontecerem. Porém, após conquistarem seus objetivos, duas coisas podem ocorrer: elas podem ainda não encontrar a felicidade que pensavam, ou, a encontram e percebem que ela não dependia da conquista. Dependia da escolha de ser feliz ou não.
É como um estado de espírito que começa num despertar de consciência que pode levar décadas ou segundos.

A felicidade não deve ser confundida com Alegria.
"Alegria é uma felicidade curta, volátil. Felicidade é uma alegria duradoura."

Em se tratando de realizar sonhos, muitos pensam que a felicidade estará no fim da jornada, ou seja, ao se atingir a meta. Outros dizem que a felicidade está durante percurso de se atingir um objetivo, a exemplo do que nos passa o filme "Poder Além da Vida".
Acho que as duas correntes têm razão. A felicidade pode ser vivida na alegria que sentimos andando em direção a uma meta, e pode também ter na conquista o seu estopim, para perceber-se que ela sempre esteve alí, disponível para ser vivida.

Eu sou de uma terceira corrente.
Se a felicidade pode estar na conquista e pode estar na jornada, por que ela não estaria antes da jornada também?
Aliás, essa ideia da jornada nos faz pensar como se o caminhante tivesse a sua única ou primeira jornada da vida. Mas e se ele tivesse tido uma jornada anterior que o tivesse tornado feliz até agora?
Ao pensar nisso, vemos que ele pode já estar feliz mesmo antes de começar essa jornada, e que portanto, ele não precisa disso pois já alcançou a felicidade.
Portanto, a pessoa feliz não é dependente de objetivos e nem de jornadas.

Isso reforça o que eu disse. A felicidade está antes de sair de casa.
Ou seja, a felicidade está com ele sempre que ele acorda. E está lá porque ele preferiu viver assim: feliz.

A muitas pessoas perguntei o que as fazem felizes. Duas respostas foram padrão:
  • Estar perto do que gostam (ambientes e pessoas queridas)
  • Fazer o que gostam

A primeira, para mim é uma ilusão. Pessoas não duram para sempre e basear nossa felicidade nelas pode fazer a felicidade sumir assim que elas morerrem.
Mas como vidas são relativamente longas, uma pessoa pode ser considerada com uma felicidade de 80 ou 90 anos de validade. É uma ilusão muito satisfatória.
A segunda, para mim também é ilusória, pois não podemos fazer o que gostamos para sempre. Um piloto de Fórmula 1 poderia perder sua felicidade num acidente que lhe tirasse o movimento dos braços e pernas. Um caçador poderia perder sua felicidade ao lhe confiscarem as armas, ou extinguirem-se todos os animais da sua região.

É mais uma vez a ilusão da alegria.

Imagine sua vida como se ela fosse uma folha de papel. E essas ideias de felicidade são como pontinhos sozinhos desenhados sobre ela. Um pontinho é sua família amada, outro pontinho é o seu trabalho gratificante, outro pontinho são seus amigos. Olhando para isso, tendemos a olhar somente para esses pontinhos e chamá-los de felicidade. Mas ao olharmos somente para os pontos, não percebemos a imensa folha de papel que está sob ele.
Mas devemos parar para pensar que: os pontinhos não nos pertencem. Eles vem e vão. Podem ser apagados a qualquer momento, assim como mais deles podem ser desenhados, sempre.
Somente a folha permanece. A nossa vida.
Portanto, a essência da felicidade não consiste somente em se fazer o maior número de pontinhos possível, e sim, em se aceitar a folha como o maior presente que já nos foi dado. (por Acácio Rocha Dias).

A VIDA DEPOIS DA VIDA

“ Quando morreu, no século XIX, Victor Hugo arrastou nada menos que dois milhões de acompanhantes em seu cortejo fúnebre, em plena Paris. Lutador das causas sociais, defensor dos oprimidos, divulgador do ensino e da educação, o genial literato deixou textos inéditos que, por sua vontade, somente foram publicados após sua morte. Um deles fala exatamente do homem e da imortalidade e traduz-se mais ou menos nas seguintes palavras:

A morte não é o fim de tudo.

Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra.

Na morte o homem acaba, e a alma começa.

Que digam esses que atravessaram a hora fúnebre, a última alegria a primeira do luto.

Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo?

Eu sou uma alma.

Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser.

O que constitui o meu eu, irá além.

O homem é um prisioneiro.

O prisioneiro escala penosamente os muros de sua masmorra, coloca o pé em todas as saliências e sobe até o respiradouro.

Aí, olha, distingue ao longe a campina, aspira o ar livre, vê a luz. Assim é o homem.

O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade.

Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída?

Porque não possuirá ele um corpo subtil, etéreo, de que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro?

A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é desse mundo.

É por demais pesada para esta terra.

O mundo luminoso é o mundo invisível.

O mundo do luminoso é o que não vemos.

Os nossos olhos carnais só vêem a noite.

A morte é uma mudança de vestimenta.

A alma, que estava vestida de sombra vai ser vestida de luz.

Na morte o homem fica sendo imortal.

A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a Terra, pelo que faz nela.

A morte é uma continuação. Para além das sombras, estende-se o brilho da eternidade.

As almas passam de uma esfera para a outra, tornando-se cada vez mais luz, aproximando-se cada vez mais de Deus.

O ponto de reunião é o infinito.

Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem.

Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é Espírito.” (VICTOR HUGO)